segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Claridade

A luz que entra pela janela e clareia a parede da sala escura me faz lembrar você. Das noites que te ponho pra dormir, das noites, que na realidade me moldo ao seu peito. Você me puxa pra mais perto, nossos narizes encostam e nossa respiração é uma, como se qualquer centímetro fosse insuportável. E de certa forma é, porque agora que você está mais longe é mais difícil de respirar. Coração dispara todo o tempo só de lembrar, grita bem mais alto pra que você ouça e diminua, nem que só um pouco a distância.
A luz da rua que ilumina a cortina me faz lembrar das madrugadas insones, da que só conversamos - na verdade era quase um monólogo, só eu falo e você diz que adora me ouvir - , da que andamos de mãos dadas pela cidade úmida. Lembro do tom meio avermelhado das pálpebras e do cabelo, das risadas e do seu beijo.
E agora que estou no escuro lembrei de você indo embora, de não ter alguém pra andar do meu lado, de não ter com quem me preocupar, de não ter motivo pra acordar mais cedo só pro dia ser maior e mais claro. Finjo segurar a sua mão.
Tudo é mais chato sem você aqui.
O amanhã seria melhor com você.
Eu poderia ser melhor por você.

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