terça-feira, 31 de agosto de 2010

Em Uma Tarde De Tédio

Fotografia: Sillas H.
Cansados de viver dessa maneira, já era hora do basta.

O amor é suicídio.
O amor queima a boca e o corpo, o suicídio anestesia.
O amor é suicídio. Mata!

domingo, 29 de agosto de 2010

Behind The Sea

Eu sei que o mais saudável é esquecer. O meu melhor amigo já me disse.
Mas sabe quando a gente sente gosto em sofrer? Então, é quase isso que sinto. Parece que tem um liquidificador em mim que misturou meu coração e meu estômago, que dissolveu, entre todo o sabor e dissabor minha razão. Minhas dúvidas, meus sonhos, minhas lágrimas, meus planos, minha ânsia, minha paixão. Tudo não passa de um liquido viscoso e homogêneo. O gosto é amargo ao se misturar ao som da sua voz doce, que eu nem sequer lembro, o seu sorriso comeu meu coração e eu não quero tentar separar os seus dentes da minha carne, eu não quero ficar sem o gosto ruim na alma, pois sem ele eu nunca saberei o quão doce é ter você.
Fotografia: Sillas H.
Não é culpa sua - na verdade, talvez só um pouco da culpa seja sua, quem mandou você ser tão encantador? - fui eu quem me permiti pensar em você todos os dias, me permiti imaginar o dia em que você vai chegar aqui, que vai me abraçar forte. Vai ser estranho te ver depois de tantos meses, mas não vai ser um problema. O problema vai ser te deixar partir de novo. Dessa vez vai ser pior, você não vai ser só o cara que dançou comigo naquela noite, você vai ser o cara que segurou a minha mão pra andar do meu lado pelas ruas. Você não vai ser o menino, que de uma certa distância, viu o sol nascer comigo; você vai ser aquele com quem eu faço planos e imagino tantos outros nascentes para os dias de amanhã. Você vai ser o meu adeus mais permanente, minha distância mais latente. E eu não me importo!
Na última noite eu sonhei que estava perto de você e não te via, não te encontrava, tinha tanta gente... Era hora de eu vir pra casa e ainda não tinha conseguido te falar tudo que eu queria, então me bastava olhar nos seus olhos e segurar a sua mão. Queriam que eu viesse embora e te deixasse lá, mas eu não podia, eu chorei. Foi estranho despertar com os primeiros raios de sol escorregando pela janela, com as lágrimas subindo aos olhos. Acordei e tive ainda mais vontade de chorar, apertei os olhos pra dar boas-vindas as lágrimas e ao sono, pra voltar a sonhar. Nem lágrimas, nem sono, nem você...
Você continuou no meu sonho, enquanto me vi obrigada a sair dele. Você continua do outro lado do mar, do outro lado de uma densa floresta com árvores de espessos troncos e largas folhas que não deixam a luz tocar o chão. Você está do outro lado da estrada que eu não sei tomar. Longe... exatamente no lugar onde eu queria estar!

A daydream spills from my gold head
Breaks free of my wooden neck
Left a nod over sleeping waves
Like bobbing bait for bathing cod
Floating flocks of candle swans
Slowly drift across wax ponds
[Panic At The Disco - Behind The Sea]

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Hurricane Drunk


As semanas tem parecido curtas demais, os dias nascem e morrem e eu mal vejo. Enquanto eu penso ter passado uma hora, lá se foram várias. O tempo é chato demais comigo. O trabalho meio descompromissado não me obriga a ser responsável, a carta de motorista é por conta da minha mãe. A faculdade ficou pra depois, deu vontade de conhecer o mundo. Hoje cheguei atrasada na aula de pilates - na verdade ontem - sou péssima em ser pontual. E pra falar a verdade eu preferia meu anos de Ensino Médio.

Apesar da vida não tão corrida eu faço corpo mole, sou lerda, então não me sobra muito tempo pra ler, desenhar, ver filme e pensar - o que resultava nos meus muitos posts no blog, agora ele anda desatualizado por conta disso.
A única atividade prazerosa que consigo continuar fazendo simultaneamente com todas as "obrigações" é ouvir música. Os dias tem sido ao som de Fresno, o álbum Revanche e mais atualmente Florence And The Machine, trabalho da cantora e compositora inglesa Florence Welch - de vocal excepcional - e de sua banda. o álbum Lungs é lindo demais. Descobri esse meu novo vicio enquanto ouvia a trilha sonora do filme Eclipse. E é sério, não paro mais de ouvir, virou até toque do meu celular.
Pra quem quiser conhecer aí vai o My Space: http://www.myspace.com/florenceandthemachine

No walls can keep me protected,
No sleet - nothing between me and the rain.
And you can't save me now, I'm in the grip of a hurricane.
I'm going to blow myself away

I'm going out, I'm going to drink myself to death
And in the crowd I see you with someone else
I brace myself 'cause I know it's going to hurt
But I like to think at least things can't get any worse

No home, don't want shelter
No calm, nothing to keep me from the storm
And you can't hold me down, 'cause I belong to the hurricane
It's going to blow this all away

I'm going out, I'm going to drink myself to death
And in the crowd I see you with someone else
I brace myself 'cause I know it's going to hurt
But I like to think at least things can't get any worse

I hope that you see me, 'cause I'm staring at you
But when you look over, you look right through
Then you lean and kiss her on the head
And I never felt so alive and so dead

I'm going out...

[Florence And The Machine - Hurricane Drunk]

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Eu já sabia...

mas é ótimo podermos confirmar nossas certezas!
Na semana passada ganhei um livro, na verdade ganhei vários, mas o que me fez pirar foium em especial (sem contar as antologias, ai Deus!), A Hora Da Estrela de Clarice Lispector, sempre quis ler ele, então terminei logo no começo dessa semana. ELA É NADA MENOS DO QUE UM GÊNIO, SE NÃO É GÊNIO É MAIS QUE ISSO.
Se eu gostei do livro? Sim!

Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou.
Que ninguém se engane, só consigo a simplicidade através de muito trabalho.
Enquanto eu tiver perguntas e não tiver respostas continuarei a escrever. Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer? (...) Se a história não existe, passará a existir. Pensar é um ato. Sentir é um fato. Os dois juntos - sou eu que escrevo o que estou escrevendo. Deus é o mundo. A verdade é sempre um contato interior inexplicável. A minha vida a mais verdadeira é irreconhecível, extremamente interior e não tem uma só palavra que a signifique. Meu coração se esvaziou de todo desejo e reduz-se ao próprio último ou primeiro pulsar. (...) Então eu canto alto agudo uma melodia sincopada e estridente - é a minha própria dor, eu que carrego o mundo e há falta de felicidade. Felicidade? Nunca vi palavra mais doida, inventada pelas nordestinas que andam por aí aos montes.

"...decidida a desvendar as profundezas da alma. (...) escolheu a literatura como bússola em sua busca pela essência humana."

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Tolice Apaixonada

Desculpa se penso em você nas  horas próprias
e nas impróprias também.
Desculpa se abraço os joelhos,
finjo que são você e tudo fica bem.

Sei que é só mais uma tolice apaixonada,
mas eu beijo a boca errada.
Sinto e não posso fazer nada
a cada segundo minha vontade é negada.

Todas essas coisas que poderiam ser
e não são, tenho medo de saber
como seria do seu lado,
se tudo fosse mudado...

Penso em você nas horas próprias,
Debaixo do céu estrelado.
E também nas impróprias,
Incluindo com tempo nublado.




obs.: queria saber o nome do artista da gravura, bua ;/

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A Flor e a Falta

A casa é velha mas ainda não caiu sobre mim.
As coisas não tem lugar e vão bem assim.
Tem cheiro de flor
Seja lá como for...

A noticia da morte de alguém.
Enquanto o alguém não sou eu,
Enquanto o alguém não é meu...
Uma flor. Ai meu Senhor!

As coisas não tem lugar, o lugar não tem coisas
Faltam respostas e ar.
Faz calor, o tempo mudou
E a flor? Murchou.



Poema escrito no fim dessa última tarde. Tarde dividida entre limpar e organizar a casa, trocar poucas palavras com minha mãe e avó, e leituras - terminei de ler O Velho e o Mar de Ernest Hemingway e tive vontade de ler a antologia do Drummond que ganhei essa semana, foi o que me inspirou.

sábado, 7 de agosto de 2010

Cenas de Infância



A tarde passou tão rápido, talvez porque eu tenha levantado mais de meio-dia, almoçado depois da uma hora, uma das calopsitas aqui de casa sumiu e eu e minha irmã saímos em uma busca desesperada no mato sem sucesso (já foi péssimo termos perdido a Lupi no mês passado e agora o Amarelinho, senti tanto) e ainda tivemos tempo para um tanto de cultura. Fomos ver uma peça no Theatro Avenida, o único e mais belo theatro que a cidade poderia ter. A peça era nada mais nada menos que o meu clássico preferido, A Bela e a Fera; é lógico que não era nenhum musical da broadway, muito menos uma super produção da Walt Disney mas foi super fofo e me fez lembrar da minha infância, onde eu ainda sonhava com príncipes encantados, que o mundo conspirava para o meu final feliz e que eu tinha plena certeza que seria feliz para sempre. Nostálgico - me deu uma enorme saudade dos tempos em que eu e a trupe de teatro sonhávamos com nossos espetáculos infantis e de quando meu mundo eram só rosas - e reconfortante - porque afinal é bom lembrar da inocência da infância e do quanto as coisas eram tão mais fáceis.


Quando cheguei em casa estava com uma super vontade de assistir meu VHS da Disney, visto por incansáveis e infinitas vezes durante toda minha infância, do qual eu sei grande parte das falas e que me emociona até hoje principalmente em duas partes: quando a Bela entra na biblioteca e quando Fera se transforma... Só que minha fome foi maior.
Ok, mas chega de devanear, pretendo voltar a minha leitura, O Velho e o Mar - porém acho que não conseguirei, a internet tem tantos encantos.

Só mais uma coisinha: Essas fotos lindas com a Drew Barrymore, são de uma fotografa incrível que faz trabalhos magníficos, Annie Leibovitz. Em outras oportunidades postarei mais fotos dela.

Quero aproveitar e agradecer a todos que lêem o meu blog. A todos que fazem belos comentários e me arrancam sorrisos dos lábios mesmo quando isso é pouco provável, e àqueles que preferem ficar invisíveis também, cada visita é importante pra mim, saber que posso dividir qualquer coisa que eu queria aqui, e que essa coisa vai ser bem vinda me faz feliz. Obrigada!

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Colombina


Quando eu acho que as coisas estão melhorando... Bobagem! Sempre dão um jeito de achar algo intocável em algum cantinho que fazem questão de pisotear. Idiotice, era só mais um sonhinho de nada!
Será que é difícil de entender que sou um peixinho dourado num aquário, mas que o aquário não é pra mim? Como se conta em um dos meus filmes favoritos, Peixe Grande de Tim Burton, os peixes dourados crescem de acordo com a ambiente em que vivem. A necessidade que eu sinto de crescer, de me mostrar para o mundo é muito maior que uma poça d'água, creio que o mais apropriado seria um grande rio corrente de água doce e cristalina. Talvez pra chegar até esse rio eu passe por um mal bocado, águas turvas e poluição, mas de que me importa, é meu sonho, não é?
Sei que as coisas não são simples, estudar artes requer disposição para passar fome, viver em um quartinho dois por dois e talvez nunca ser reconhecido, mas é a única droga nesse mundo que me faz feliz, que me dá muito prazer.
O meu maior medo é chegar do fim da vida, olhar para o mundo e saber que ele não tem a minha marca, que eu não fiz sequer uma mísera diferença, que não fiz o que sempre sonhei, o que me motivava a viver.
Quando a gente é criança as coisas são bem mais fáceis. Me incentivar a gostar de literatura não custava quase nada, agora ter uma biblioteca é exagero; rasbiscar meus desenhos debaixo do tampo de granito da mesa da cozinha era lindo, agora meus desenhos ainda não são levados a sério; ter como hobbie a pintura era incrível, agora as paredes de casa já estão cheias o suficiente; sempre foi lindo o que eu fazia no teatro, mas é complicado demais, não 'vai pra frente'; o ballet é um ótimo exercício físico, mais nada. fotografar foi algo que minha mãe sempre gostou, mas nunca deu dinheiro mesmo; tocar piano e inviável, por que você não tenta o violão? Ok, eu gosto do violão, mas de qualquer modo eu nunca poderia ser uma rockstar, muito menos uma exímia pianista...
O que você vai ser quando crescer? Vou fugir com o circo. Por que você não segue a carreira dos seus pais? Eu não sou meus pais! Por que não escolhe um curso que tenha na faculdade da cidade? Eu não nasci para esse lugar, eu nasci para conquistar o melhor, os meus sonhos. Será que não dá pra você ser mais normal? Não, não dá! Por que vocês querem me tirar o que me faz mais feliz? - Que droga! Quantas perguntas mais? Quantas palavras inúteis mais? Será que é um absurdo extremamente grande me dizer 'não vai ser fácil, mas a estamos aqui e queremos te ajudar'?
Achar uma brechinha e pular para fora desse lugar em que nada pode não tem sido simples, amanhã vou acordar sobre o mesmo teto sem poder fazer o que mais quero. Enquanto isso vou voltar ao trabalho, tentar conseguir a porcaria do dinheiro que só atrapalha e depois tentar o mundo, quem sabe ele não alimente uma paixão secreta por mim, assim como alimento a paixão pela arte.


O que você vai ser, quando crescer?
O que a gente vai fazer, quando se ver, de novo?
O que será que acontece pra gente um dia não se querer mais?
Eu só queria um pouco de paz

Eu sou o que eu queria ser, quando crescer
E eu me enxergo em todo lugar, exceto aonde você está
O mundo ao meu redor é estranho agora que eu já não te tenho mais
Eu só queria, mas eu nem sei mais

Então escolha, de que lado vai jogar
Pois ao meu lado está sobrando um lugar
Ele é seu...
Eu sou seu



[Quando Crescer - Fresno]