sábado, 30 de abril de 2011

Da Cor Do Vento

Hoje quando pisei nessa cidade, quando deslizei suave pelo asfalto, o urbano tinha ares e luzes de boas-vindas, de paz, de casa. Quando o dia já não era claro nem a noite escura, vi aquelas cores... Vinham pela brisa, coloriam os pulmões, lilás de flores - quase como roupa lavada, lavanda -, pintava os narizes de azul, de anoitecer.

Gosto de uma certa teoria sobre as cores, "que você conseguiria descobrir de que cor era tal coisa apenas de tocar nela. Por exemplo, se estivesse sentado em um gramado, mesmo de olhos fechados, saberia dizer de que tom de verde era a grama, dependendo de quanto estivesse macia ou áspera." 
Particularmente, prefiro as coisas sentidas.
Particularmente, prefiro a cor do vento.

(Citação de "O Estranho Mundo de Zofia e Outras Histórias" de Kelly Link)

terça-feira, 26 de abril de 2011

Ter Asas

Fotografia: Sillas Henrique


Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer: E daí?... Eu adoro voar!"
(Clarice Lispector)

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Para Quem Diz Que Branco Não é Cor

(Ou Gênese)

Me deparo mais uma vez com a página branca. E como eu amo essa cor! Branco é a cor das possibilidades...
Porque o impossível mora em imaginações limitadas.
O que somos nós antes de nós mesmos? Nada além de branco esperando a mão do Artista.
O universo se desenha, rabisca, e escreve através do branco. "Tudo no mundo começou com um sim". Tudo no mundo começou com uma página em branco...


quarta-feira, 20 de abril de 2011

Pássaro de Circo

Já sonhei ser dezenas de coisas. Artista plástica, cantora, estilista, bailarina, atriz, escritora, pianista, dentre outras. Hoje - confesso! - meu maior sonho é ir pra universidade estudar artes.
Também tiveram aquelas que hoje são inconcebíveis: Médica, professora, astronauta...
Mas acho que a ideia mais absurda e fantástica de todas foi a de ser trapezista de circo. Não que agora eu pense com muita sensatez, é que eu tinha uns cinco anos pelo menos. Eu e meu primo imaginávamos o dia em que fugiríamos com o circo, pular em um trem em movimento, sendo que nem haviam trens.
Ainda lembro daquele encantamento, a lona grande parecendo ser tão leve quanto um lençol, as maçãs-do-amor, meu medo de palhaços e os bichos - eu amava! É claro que nada superava a nuca encurtada tentando levar os olhos o mais alto possível e lá encima dois ou três pássaros sem penas: Trapezistas!
As vezes até esqueço isso tudo - não há mais circos mambembes, os animais são proibidos, as crianças não esperam sua chegada à cidade e eu não posso mais fugir.

Essas lembranças me tomaram de súbito enquanto li "Água Para Elefantes" de Sara Gruen, é um livro que conta sobre um estudante de veterinária que abandona a universidade na época dos exames finais e pula em um trem em movimento - o trem do circo dos Irmãos Benzini, O Maior Espetáculo da Terra - então ele passa a cuidar dos animais, tem uma paixão proibida, faz amizades incríveis, como a da elefanta Rosie, e tem que lidar com situações bem complicadas... (Em breve teremos um filme com lançamento previsto para esse mês.)
Uma forma de voltar ao universo mágico, e por vezes traiçoeiro do circo. De nos vermos  novamente sentindo o cheiro da pipoca, com os dedos melados de algodão-doce, sentados na platéia balançando os pés que não alcançam o chão, os olhos brilhando diante de uma cartola e um picadeiro. É dia de circo!


domingo, 17 de abril de 2011

In Memoriam



"Mulher formosa, que adorei na vida,
E que na tumba não cessei de amar,
Por que atraiçoas, desleal, mentida,
O amor eterno que te ouvi jurar?
(...)
Abandonado neste chão repousa
Há já três dias, e não vens aqui...
Ai, quão pesada me tem sido a lousa
Sobre este peito que bateu por ti!
(...)
- "Ó nunca, nunca!" de saudade infinita,
Responde um eco suspirando além...
- "Ó nunca, nunca!" repetiu ainda
Formosa virgem que em seus braços tem.

Cobrem-lhe as formas divinais, airosas.
Longas roupagens de nevado cor;
Singela c'roa de virgíneas rosas
Lhe cerca a fronte dum mortal palor.

"Não, não perdeste meu amor jurado:
Vês este peito? reina a morte aqui...
É já sem forças, ai de mim, gelado,
Mas ainda pulsa com amor por ti.
(...)
Saudosa ao longe vês no céu a lua?"
- "Ó vejo sim... recordação fatal"
- Foi à luz dela que jurei ser tua
Durante a vida, e na mansão final.
(...)
Quando risonho despontava o dia,
Já desse drama nada havia então,
Mais que uma tumba funeral vazia,
Quebrada a lousa por ignota mão.

Porém mais tarde, quando foi volvido
Das sepulturas o gelado pó,
Dois esqueletos, um ao outro unido,
Foram achados num sepulcro só.

(O Noivado Do Sepulcro - Soares de Passos)


Dedicado ao celebre tempo em que nossa comédia era sorriso gotejado de lágrimas e, nosso drama, tristeza suspirando alegria. Ao nosso teatro poesia, à nossa Trupe de palhaços pintados de alma, de sonho e paixões...

segunda-feira, 11 de abril de 2011

No Céu

As estrelas piscam para mim como se procurassem cúmplices, como se quisessem me contar segredos... Diminuir a distância!


Então apenas me digam, como tocar o céu?

sábado, 9 de abril de 2011

sexta-feira, 8 de abril de 2011

A Busca Das Coisas Perdidas

Então vamos tentar de novo. Melhor assim mesmo, do começo. Buscar.
As páginas imaculadas são sempre as mais inspiradoras, pode parecer terrível, mas tornar impuro e sujar é melhor do que sempre ter sido um branco sem história para contar. Traços de letras, mesmo que apagados e por mais humanos que sejam, são sempre apaixonantes. É! acho que era essa a palavra exata que procurava: Apaixonante.
Que apaixona; que interessa fortemente, que cativa. A-pai-xo-nan-te.
Exatamente o que procuro, algo que me prenda e, mesmo que me deixe fugir, eu não queira. Dizem que o nome desse sentimento é liberdade. Então, quero ser livre! Quero gritar e que todo mundo ouça. Li-ber-da-de!
E quando eu estiver sozinha debruçada sobre minha janela que eu cochiche com as estrelas, e que apenas elas ouçam, seja lá qual for o lugar delas no universo, passar horas ali esperando sei-lá-o-que e não ter a mínima pressa de que um todo chegue. Porque as vezes o prazer se encontra nas expectativas, no desconhecido. Prazer...
E quando eu for conhecida de ti, espero ter um segredo diário, como uma história para mil e uma noites. Como quem desvenda o mistério do ser e do mundo. A falta de mistério gera morte... Mistério!
Que o descobrir das coisas me gere inspiração. Eu que as vezes penso que devo procurá-la em nuvens e pássaros, em folhas secas e nos roteiros de cinema alternativo. Eu que penso que deveria me apaixonar de novo, que inspiração só vem quando se tem um objeto o qual se possa chamar de apaixonante. Inspiração...
Mas inspiração é página em branco!
E buscar coisas perdidas é buscar o que se quer continuar sendo. Ser!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Sobre Pássaros e Nuvens

"Gosto de ler o que você escreve. Porque gosto de saber da sua vida.

Porque nosso tempo passou e já não faço mais parte do seu dia a dia.

Tem dias, quando sinto saudade ,eu entro nesse seu pequeno mundo chamado de ''Nuvens e pássaros'' esperando ler algo sobre você...

Seja uma música, uma frase, um desenho, uma foto... uma linha.

Algo sobre você...
As vezes me pergunto quem são aquelas pessoas que estão te magoando,as vezes me pergunto quem são aquelas pessoas que você está amando.
As vezes me pergunto...
Mas me contento com o que sei sobre você. Me contento em sentir o cheiro de um livro, me contento em ver as folhas no chão e saber o quanto você ama pisar nelas, me contento em olhar para o céu de azul perfeito que só existe nessa pequena cidade e saber o quanto você gosta dele, me contento em viajar ao seu lado sem dizer uma única palavra... assim como me contento em ter te dado um único beijo que valeu para minha vida inteira. Foi o melhor presente de aniversário que alguém poderia ter.

As vezes acho que minha vida se resume a pássaros e nuvens..."
(Fábio B.)

Acho que o que você vê é o que eu gostaria de ser.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Toujours Ensoleillé

The Seine at Argenteuil
Pierre-Auguste Renoir

É passado mais de ano, você mais uma vez povoa meus sonhos. Na tela branca do meu inconsciente, você é aquele cantinho de sombras, pouco nítidas - sem contorno - e coloridas. É sempre sol, sempre céu, sempre mar. É azul, é claro! Minha vida é como que cheia de luz - alegria- quando acordo e o primeiro sorriso do meu dia é seu. Tudo azul-claro!
Tem cheiro de sal, como pintura antiga, obra-prima minha,  de pinceladas manchadas de maresia. Do Impressionismo das lembranças quase esquecidas. Nos vejo assim, como sonho-arte. Em um diálogo sem vozes, o único som do meu mundo são as respirações, de culpa, perdões, amores e dias floridos. O que me consola são as cores, a paleta com tintas puras e sem respingos. Você, para mim, ainda é aquele tom especifico de céu aos domingos.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Once Again Fall

Fotofrafia: Sillas H.




"You're graceful, your grace falls,
down around me in my eyes.
You're lovely, your love leaves,
So easily in my eyes."



(In My Eyes - Rufio)