terça-feira, 26 de outubro de 2010

Lápis-de-cor

As nossas mãos se entrelaçam em dedos firmes. Os sorrisos de canto de boca não são de propósito, são a gota de um sentimento bom que tinha de transbordar por qualquer brechinha que fosse. Afinal os olhos estão fechados e deles não sai nem entra coisa alguma, há uma imagem congelada na retina. Apesar do calor que deixa a pálpebra vermelha, o resto todo é azul. Os olhos são azuis, não os nossos que são cor das coisas sólidas, cor-de-terra, cor-de-lembrança. Refletidos no espelho um é do outro e o outro é de um.
Os olhos que nunca mais te viram, cheios de água salgada, de água do mar, esses sim são azuis e pintam uma aquarela linda de céu e areia, de eu e você.
As mãos, os sorrisos, os olhos, a areia, o céu, o mar, eu e você. Juntos de novo e pela última vez congelados no calor da praia pelos lápis que sabem de cor. Pelos meus lápis-de-cor.

4 comentários:

  1. Sabe... Um texto ele pode ser visto e interpretado de tantas formas.
    A primeira parte eu imaginei os dois na cama depois de uma noite de amor. rsrs
    O sorriso espontâneo e bobo... As mãos entrelaçadas, os olhos congelados.

    Os olhos que nunca mais viram, bom.. tristes olhos solitários e nostálgicos.

    Lindo lindo, adorei.
    Desculpe-me pela interpretação talvez infame demais.
    Tô te seguindo tá? Adorei o blog, Parabéns!

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  2. A cena gravada da memória, reproduzida num desenho pelas cores e depois interpretada pelas palavras. Gostei.


    Abraços, Má.
    _____________

    http://www.odeavida.blogspot.com/

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