terça-feira, 5 de outubro de 2010

Chuvinha Passada

Em outubro as gotinhas de chuva tem cheiro de terra, é poeira entrando e queimando por todo o nariz. Primavera é sair na janela e deixar a água cair, brincar na mão e na língua.
O temporal é uma criança arteira: vem rápido e tira tudo do lugar. Mas também vai embora ligeiro, assim como a criança que era em mim.
A lembrança - De pegar água da goteira, de me demorar com a mamadeira.
Do balanço que eu tinha, do pão que vovó fazia.
Do dedo na tomada, da capa de chuva ensopada.
Da criança que fui, do velho que não sei se serei...
Das brigas com o relógio, me recuso a usá-lo no pulso ou na parede,
de correr em anti-horário e me negar a ter sede. - Essa é emaranhada em meio as veias, é pulso que faz do coração canção cantada.
Os sons ecoam da infância, a chuva ecoa das nuvens. E eu me encontrei no meio desse nada.
A chuva já é passada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário