terça-feira, 22 de junho de 2010

Página Quase em Branco

Fotografia: Sillas H.
To com vontade de escrever, mas não sei bem o que.
Não ando com as pensamentos muito coerentes, as dúvidas ainda são muitas apesar de tudo parecer vazio. Me sinto como uma página em branco, mas não por eu nunca ter sido escrita, mas sim por ter sido apagada, e já não me lembrar do meu conteúdo anterior.
Eu tento encontrar marcas fortes que me façam lembrar do passado, mas as fotos que vi hoje só mostram sobre minha pré-existência; a nostalgia que vi não era a minha; o rosto que eu amo, na verdade, eu nunca vi, eu nunca toquei, senti ou beijei; era apenas tinta sobre um papel velho, desbotado e amarelo.
Senti medo. E quando for a minha vez de ser apenas papel? E quando a nostalgia for a minha? Quando toda a vida que passou for a minha? E quando o rosto, agora corado, não tiver mais cor?
E se eu morder a maçã errada? Eu não vou poder voltar, NINGUÉM pode voltar...
E se eu errar? eu SEI que vou errar...
E se eu morrer? TODOS vão morrer...
Não importa, não adianta pensar sobre certas coisas. Eu só queria pensar sobre coisas que 'adiantam'.
Quando meu rosto estiver enrugado talvez eu não reconheça a menina que escreve agora, talvez essas palavras sejam dela e não minhas -- como são agora. Sinto já ter agido assim com a menina que adormeceu na minha cama ontem. Mas hoje acordei e era eu quem ocupava o lugar dela. Hoje vou dormir e não sei quem vai acordar no meu lugar amanhã. Qual será a imagem que verei no espelho?
Mais uma vez me deparei com a terrível pergunta: "Quem é você?", e isso me fez lembrar do livro que estou quase terminando de ler O Mundo de Sofia, no qual Sofia se depara, logo de cara, com a mesma pergunta e a repete para a sua imagem no espelho... nem ela, nem a imagem no espelho chegam a resposta desejada. Nem eu cheguei a resposta que eu desejava.
Sou página em branco, sem respostas. Mas assim como acabei de tirar palavras de não sei de onde pra colocar nesse post, eu espero achar coisas sei lá onde pra me sentir mais vazia de dúvidas e menos vazia de mim.

Que coisa mais deprimente! Essa não parece eu. s:
Talvez amanhã eu tenha algo mais 'eu' a dizer...

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