sábado, 3 de julho de 2010

Na Ponta Dos Cílios

Ela só era mais uma pequena menina no meio de tantas outras, e no meio de tantas fantasias, tantos sonhos e tantas outras coisas também pequenas em um mundo enorme. Era só mais uma menina de cabelos cor-de-sol e olhos cor-de-terra. Mas os olhos, esses eram especiais, diziam tanto, diziam mais que a boca cor-de-rosa. E como diziam! Profundamente curiosos, singularmente simples, pareciam lamber cada detalhe, sentir gosto de cores e formas e querer contar cada experiência com tanta urgência, com tanta ânsia. Tudo preso na cadeia de impressões que é a mente, tudo guardado lá dentro...
Os olhos cresceram, cabia o mundo por de trás deles, e ninguém capaz de ir tão fundo. Os cílios tentavam fazer o que o pudor da língua não deixava. A íris tentava mostrar o que o dedo não apontava. Sentimentos guardados enquanto a pupila dilatava. Um dia se cansou, se fechou para o que nunca se fechava...

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