quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Gosto

Ela tomou café essa tarde, mas não foi sempre assim. Esse hábito estranho começou em Julho enquanto passeava com a vida completa: a menina era tudo que se pode falar sobre amizade, aquela pessoa que ria simplesmente por ter vontade, e ele, alguém que se pode olhar nos olhos, e você o ama simplesmente por isso.
Estava frio. "Deu vontade de café".
Aí a gente se vê em Agosto. É "a-gosto", dá para interpretar como: "a" no inicio da palavra equivale a "não", portanto, sem gosto; ou "à-gosto", como quando a gente vê no caderno de receitas da avó: à gosto, o que melhor te agradar, o quanto você quiser.
“O Tanque de Nenúfares“ - Claude Monet
Eu bem que poderia ter uns dois ou três vícios - pensou ela - chocolate, livros e café.
Se imaginou em outra vida, tudo novo: um lugar qualquer em Paris - ou não, um livro recém começado, um gosto do que então será uma xícara vazia e na bolsa meia barra de chocolate junto como os óculos escuros dos quais ela sempre desconfia. De saia longa, o cabelo laranja preso sem a menor cerimônia, de qualquer jeito mesmo! Provavelmente será primavera, terá cores quentes, e ela estará se inspirando. "É para ser uma obra-prima. É pra vida ter sentido, sabe? Um quadro, um livro, um suspiro ou um filme? Não sei..."
Ela, um dia, vai se sentir infinita e descobrir a duração da eternidade.
Ela, um dia, certamente, vai descobrir que prefere à-gosto, seja lá qual for o mês nesse momento.

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